Quinquagésimo sétimo aniversário do álbum Kind of Blue de Miles Davis.
21.8.16
14.8.16
« e eu achava que o amor era por todos. um amor por tudo e todos, pela vida. e o amor estava cravejado de luzes, como se pelo amor se montasse um cemitério longo de velas acesas ondulando nos gestos, ondulando na debilidade com que naturalmente segurávamos um sentimento tão precioso. »
Valter Hugo Mãe in O nosso reino
11.8.16
Time moves slow
Quando a coragem nos falta, o que é que sobra?
Sobra-nos a demora.
Running away is easy
It's the leaving that's hard
6.8.16
« Estas cartas, Mariano, não são escritos. São falas. Sente-se, se deixe em bastante sossego e escute. Você não veio a esta Ilha para comparecer perante um funeral. Muito ao contrário, Mariano. Você cruzou essas águas por motivo de um nascimento. Para colocar o nosso mundo no devido lugar. Não veio salvar o morto. Veio salvar a vida, a nossa vida. Todos aqui estão morrendo não por doença, mas por desmérito do viver. »
Mia Couto in Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra
4.8.16
« Even at a time like this, the street is bright enough and filled with people coming and going - people with places to go and people with no place to go; people with purpose and people with no purpose; people trying to hold time back and people trying to urge it forward. »
Haruki Murakami in After Dark
17.7.16
Foi em 2012 que recebi os primeiros papéis coloridos para fazer origami. Li atentamente todas as instruções de modo a criar as mais diversas representações, mas acabava sempre por ficar pelos pássaros. Ainda não domino a técnica. Porém, quando me apetece desenferrujar os dedos, pego num papelinho - azul geralmente - e faço um pássaro desajeitado e pequeno.
Hoje, (ainda) só sei fazer pássaros.
Espero que os vincos que te causei não te rasguem as asas face à tempestuosidade dos ventos que enfrentas. Espero, sim, que te dêem robustez e perseverança.
Escrevo porque é a única forma que disponho para dizer que a tua mensagem chegou. Gostaria que esta, minha, também te fosse entregue. E gostaria de o saber.
Não sei quem és; sei que te conheço. E a curiosidade é-me maior que tudo.
16.7.16
Emma e Dexter
Li o livro Um Dia, de David Nicholls, em 2010. A mensagem não é nova. É, sim, actual e, por isso mesmo, urgente.
Seis anos depois, não consigo passar pelo dia 15 de Julho sem me lembrar da Emma e do Dexter. No livro, o dia é sempre deles. No meu calendário também.
A adaptação cinematográfica soube-me a pouco e não me convenceu, mas vale pela fotografia.
13.7.16
Inimigo
« Fernando sabe o que teme, conhece o seu inimigo, que se veste de cinzento e anda de mão dada com toda a gente. O inimigo de Fernando é agradável, consensual, ligeiro. O seu inimigo é o agradável, o consensual, o ligeiro e todas as outras formas de nada que são modos de saltar do berço à cova sem importar a ninguém e muito menos a si próprio. Disfarçado no banal, será finalmente livre de ser qualquer coisa escondida, a sombra imensa de um funcionário que funciona. »
Nuno Camarneiro in No Meu Peito Não Cabem Pássaros
12.7.16
11.7.16
10 de julho
Ensinámos e (re)aprendemos, num dia de excelência para o desporto nacional, que a ambição não incompatibiliza a humildade.
Que guardemos esta lição no coração e na algibeira, e que nos sirvamos dela sempre que necessário para ser uma nação valente e fazer cumprir Portugal.
Que guardemos esta lição no coração e na algibeira, e que nos sirvamos dela sempre que necessário para ser uma nação valente e fazer cumprir Portugal.
29.5.16
Hoje fui voluntária do Banco Alimentar. Em boa verdade, não fiz mais que dar um saco à entrada do hipermercado e recolher os mesmos, nas caixas, já com as doações.
Os diálogos foram curtos. Porém, entre o "Bom dia" e o "Gostaria de contribuir para o banco alimentar?" esbarrei-me com a solidão, a falta de esperança, a doença, a vergonha e a pobreza. Algumas destas vinham nos olhos, nas mãos ou ainda na voz a tremer. Notava-se o peso e a sombra da descrença. Notava-se o arrastar da vida e a dor dos dias.
Adoeci. Tenho ainda os poros entupidos porque teimo em viver assim, a absorver tudo.
Eu só queria poder falar-lhes num abraço e dizer que ia ficar tudo bem, mas não tinha como garantir isso. Não podia cair na crueldade de semear uma esperança vã e vaidosa num terreno já tão massacrado.
Depois de jantar, a minha mãe ligou-me. Não houve o típico relato semanal ou a pergunta sobre a receita eleita. A minha mãe ligou-me e eu chorei-lhe a tristeza: a minha e a de todas as pessoas com quem me cruzei.
Há dias em que nos doem várias coisas. Hoje dói-me o Mundo.
26.5.16
Conversation 16
« Senhora de fato Andamos a regar flores de plástico, é isso que fazemos. Temos coisas que não servem para nada. É tudo plástico. E nós regamos essas flores e esperamos que cheirem a coisas boas. Mas é plástico. Temos coisas, em vez de tentarmos ser felizes, substituímos a vida por plástico, a felicidade por plástico e o próprio plástico por plástico. Trabalhamos para regar uma vida destas. »
Afonso Cruz in O cultivo de flores de plástico
"O cultivo de flores de plástico" é o título de mais uma obra de Afonso Cruz que, sem excepção, me deliciou. Uma peça de teatro em que, em nove actos, quatro personagens, todas elas sem-abrigo, espelham a sua invisibilidade perante uma sociedade egoísta, supérflua e consumista. Sem entrar em lugares-comuns, Afonso Cruz consegue, com a sua escrita e ironia tão características, retratar a falta de empatia e solidariedade de que padecemos, assim como a incerteza do amanhã. Um livro pequeno em páginas, mas imenso no que respeita a lições de vida e à capacidade de nos fazer questionar, interiormente, sobre o que valorizamos e o que somos em sociedade.
23.5.16
The road not taken
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I--
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I--
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
Robert Frost
22.5.16
« espantei-me tanto e ficámos em silêncio um tempo, descobertos perante as coisas inexplicáveis, como se tivéssemos as cabeças abertas por cima e todos os seres do céu ou do inferno pudessem, afinal, ver claramente o que pensávamos. no meio das coisas inexplicáveis éramos assim uns recipientes de pensamentos sem tampa, e quem voasse ou viesse nas aragens haveria de ter visibilidade perfeita para dentro das nossas cabeças. »
Valter Hugo Mãe in O nosso reino
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