26.5.16

Conversation 16

« Senhora de fato Andamos a regar flores de plástico, é isso que fazemos. Temos coisas que não servem para nada. É tudo plástico. E nós regamos essas flores e esperamos que cheirem a coisas boas. Mas é plástico. Temos coisas, em vez de tentarmos ser felizes, substituímos a vida por plástico, a felicidade por plástico e o próprio plástico por plástico. Trabalhamos para regar uma vida destas. » 

Afonso Cruz in O cultivo de flores de plástico

"O cultivo de flores de plástico" é o título de mais uma obra de Afonso Cruz que, sem excepção, me deliciou. Uma peça de teatro em que, em nove actos, quatro personagens, todas elas sem-abrigo, espelham a sua invisibilidade perante uma sociedade egoísta, supérflua e consumista. Sem entrar em lugares-comuns, Afonso Cruz consegue, com a sua escrita e ironia tão características, retratar a falta de empatia e solidariedade de que padecemos, assim como a incerteza do amanhã. Um livro pequeno em páginas, mas imenso no que respeita a lições de vida e à capacidade de nos fazer questionar, interiormente, sobre o que valorizamos e o que somos em sociedade.

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