17.7.16

Foi em 2012 que recebi os primeiros papéis coloridos para fazer origami. Li atentamente todas as instruções de modo a criar as mais diversas representações, mas acabava sempre por ficar pelos pássaros. Ainda não domino a técnica. Porém, quando me apetece desenferrujar os dedos, pego num papelinho - azul geralmente - e faço um pássaro desajeitado e pequeno. 

Hoje, (ainda) só sei fazer pássaros. 

Espero que os vincos que te causei não te rasguem as asas face à tempestuosidade dos ventos que enfrentas. Espero, sim, que te dêem robustez e perseverança.
Escrevo porque é a única forma que disponho para dizer que a tua mensagem chegou. Gostaria que esta, minha, também te fosse entregue. E gostaria de o saber. 

Não sei quem és; sei que te conheço. E a curiosidade é-me maior que tudo. 

1 comentário:

Anónimo disse...

2 de agosto de 2016

Sei que tardei mas não faltei. Um mês e um dia depois daquela noite enevoada à porta do rés do chão direito…
Antes de mais não era esta a mensagem que tinha preparado para resposta e já vais perceber o porquê. Ainda andei alguns dias a mesclar o que diria, mas na verdade nada fluía. Nem flui. De qualquer forma não há outro jeito e o que tem de ser tem muita força, portanto aqui vai.
Hoje enquanto ouvia o teu “Arte Poética” de José Luís Peixoto deu-me vontade de selecionar um excerto, que me marcou particularmente. Procurei-o online e dispus-me a lê-lo. Está extraordinariamente bem escrito e a certa altura já tinha dúvidas: eram vários os trechos que serviam o meu propósito.
Inicialmente, enquanto ouvia, queria selecionar uma passagem, era aquela. Mas ao lê-lo mudei de ideias. Era aquela, mas, às tantas já podia ser também a outra, ou a seguinte, que se calhar também preenchiam os requisitos e, eventualmente, até reuniam melhores caraterísticas, dependendo do leitor, da interpretação ou da disposição.
Curioso, muito curioso.
Dei por mim a pensar porque queria eu aquela passagem quando te ouvia e depois, quando o li num qualquer website, já assim não era. Cheguei à conclusão que esta ambiguidade não tinha sido uma situação isolada, outrora se passara em diferentes episódios, todos eles com um denominador comum. E a verdade é que cada vez que estou contigo tenho uma grande dificuldade de pensar, a emoção fala-me sempre mais alto que qualquer outra coisa. Ainda para mais a mim que tenho a mania que sou racionalista. É-me indecifrável e labiríntico, sequestra-me a amígdala e intriga-me porque, simultaneamente, sei que preciso disto e quero mais!
Mas quero que percebas que, no fundo, tenho sempre alguma dificuldade em escrever-te, em primeiro lugar porque nunca tive realmente jeito (ou se calhar trabalho) para a escrita e depois por todo este envolvimento que te descrevo.
Quero que percebas que sou assíduo, ainda assim não com a frequência da minha vontade.
Quero que percebas que preciso disto e que quero mais!
Quero que percebas que eu preciso que tu percebas.
Ahh e se por curiosidade quiseres saber, o excerto que me atraiu foi: “…o poema é aqui, quando levanto o olhar do papel e deixo as minhas mãos tocarem-te, quando sei, sem rimas e sem metáforas, que te …”.

Um beijo e um abraço.